terça-feira, 28 de novembro de 2017

24. Vigo e Fuga

 Óleo s/tela (c/moldura)/ 80x60cm



“A minha história não te assemelha,
Não te enaltece,
Não te ilude.
A minha história inscreve-se na deformação do Ser,
Na instabilidade do tempo,
Em não lugares cinzentos e obscuros,
Em cores resplandecentes,
Em olhos demasiados grandes para ver as pequenas coisas.
A minha história nem é dos Gróvios ou Limios que naufragaram em rios de esquecimento.
A minha história é da permanência na defesa do devir,
Que não é o hoje,
Nem foi o ontem
E quem sabe se o será amanhã.”


Maria Guedes

23. Abraço com touro

Acrílico s/papel/ 80x60cm



“Porque não te olho quando em mim te confortas?
Porque não te toco quando em mim te abraças?
Vivemos nós uma ficção alimentada pela cegueira fragmentada do tempo que passa?
Queria saber fingir,
Ter o dom de saber o prazer perdurar, na vão glória de me sentir viver.
Saber-me esconder na intimidade de sonhos perduráveis,
Deslizar pelas emoções e, confundir, simultaneamente, Deus e o diabo!
Criar fantasias, devaneios, luxúrias...
Em utopias existenciais!”


Maria Guedes

22. Retrato Autor

Pastel seco Giz (c/Moldura)/ 40x30cm

21. Painel com Cubos

Óleo s/Tela (s/ moldura) / 80x60cm

20. A Mulher Branca

Óleo s/tela (c/moldura)/ 70x60cm

19. Figuras Negras

Acrílico s/tela (s/moldura/ 80x60cm

18. Bacia com Flores

Óleo s/tela (c/moldura)/ 64x46cm

17. Jarros Geométricos

Óleo s/tela (s/moldura)/ 80x60cm

A epifania da imagem


Nesta coleção pictórica, Luís Pedro Viana propõe-nos percorrer um imaginário que mergulha e transcende, à semelhança do homo viator, a tragédia do ser que se sabe que é. Imaginário onde os símbolos teriomorfos roçam a sensualidade e a fecundidade. O touro, rapto de Europa por Zeus? A serpente quase uroborus, sábia e senhora do Tempo.O pássaro, metáfora do desejo dinâmico de elevação, de transcendência de si. O voo onírico, volúpia do Belo, desafia o desejo imerso na sensualidade geradora da vida, da fertilidade e da abundância, princípio e regresso de todas as coisas.
Subsiste uma tensão entre o trágico, a frustração humana perante a impossibilidade de contornar o fatum, o eterno retorno, e a tentação permanente  de desafiar o destino. O herói de Luís Pedro Viana é o homem que obstinadamente se supera  a si mesmo, desvelando magistralmente através da cor, da luz e da sombra, a epifania da imagem.
Maria Camps



16. Tabuleiros com Flores

Óleo s/tela (c/moldura)/ 71x60cm

15. Vaso Geométrico Negro

   Óleo s/tela (c/moldura)/ 80x60cm

14. Lago A. Amarelas

Óleo s/tela (c/moldura)/ 72x60cm

13. Torneira Caldeireiros

Óleo s/tela (c/moldura)/ 35x24cm

12. Jarro com Cabeça de Touro

Óleo s/tela (c/moldura)/ 35x24cm

11. Atómic Flowers

Aguarela s/papel (c/moldura)/ 78x56cm

10. Atómic Flowers

Aguarela s/papel (c/moldura)/ 85x56cm

9. Vasos Geométricos"

Óleo s/tela (c/moldura)/ 116x88cm

8. Jangada de Pedra

Óleo s/tela (s/moldura)/ 100x80cm

7. Romeu e Julieta

Acrílico s/tela (s/moldura)/ 100x80cm

6. Vaso Geométrico

Óleo s/tela (s/moldura)/ 80x60cm

5. Flores e Modernidade

Óleo s/ tela (s/moldura)/ 50x40cm

4. "Modernidade Rupestre"

Óleo s/tela (s/moldura)/ 80x100cm

3. Série Cervantes

Acrilíco s/tela (s/moldura)/ 100x80cm

2. Anel

Acrílico s/papel (s/moldura)/ 50x40cm

1. Vaso Geométrico

Óleo s/tela (s/moldura)/ 70x60cm

"Metamorfoses...


…, não as de Ovídio outrossim as operadas por LPV no seu percurso pelas artes plásticas. A arte é nele estado de espírito e não realidade, pois que, ainda que aí tenha a sua génese, faz, contudo, um percurso autónomo. Dela se liberta para nela renascer transfigurada, pessoal, outra, demonstrando que só a existência subjectiva da emoção desencadeia a existência objectiva da obra de arte.
Detenho-me no desenho enquanto processo e resultado artístico, suporte de obras bidimensionais formadas por linhas, pontos e formas numa imitação de uma realidade sensível que recria uma nova realidade, ou apenas a esboça deixando, neste caso, de ser um fim para se tornar em estrutura veicular. Neste particular, não posso deixar de evocar a imagem espalmada que, sem ênfase na cor, reclama a atenção sobre a superfície bidimensional da tela. A ligação entre artes – que o artista afortunadamente cultiva – autentifica-se aqui em belíssimas imagens de personagens do D. Quixote de Cervantes e de outras shakespeareanas que corroboram a afirmação do dramaturgo: “Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos”.
Passo agora à pintura e o cruzamento das estéticas modernistas tem, na arte de LPV, um lugar electivo. O artista assimilou a grande revolução sofrida pelas artes visuais que, começando a olhar o quotidiano traduziam, sem tabus, a mais íntima percepção da realidade liberta de regras e convenções. Independente embora, cruzam-se e misturam-se nas suas telas leituras do fauvismo, do expressionismo, do surrealismo e do geometrismo tocadas por um lirismo agri-doce"

Isabel Ponce de Leão

Convite


"Luís Pedro Viana, Uma Retrospectiva"

Uma inexplicável mistura de realidade e imaginação, pode sempre ser analisada mais profundamente sob o aspecto ou temática do olhar perscrutante que transforma o que vê em imagem. Esta, porém, não dá conta da representação, como que informando que nem a arte tradicional, nem a tecnologicamente mais avançada são capazes de traduzir as contradições de que se alimenta o universo vivenciado pelo artista, numa contemplação permanente entre a estética, a narrativa que a cor e a forma nos proporcionam na transversalidade da sua pintura, e a história transportada à tela pela fina capacidade de ver nos interstícios do tempo: vejam-se as temáticas últimas, de Quixote e Cervantes a Shakespeare, onde, pelas lentes de um geometrizante esteta, que nunca deixou de ser, nos revela a história no que ela tem de melhor, é dizer, a alma capturada dos modelos de acordo com o narrador onisciente.
O artista define-se, aqui e além, um hedonista. E é-o, sem dúvida, mas um hedonista civilizado com relação a esse lugar do belo que permanentemente procura, o que revela uma dupla perspectiva em toda a sua obra, de duas coordenadas, uma interna, a portuguesa, e outra externa, a do mundo. A genialidade da sua obra também está em construir esse trajeto, um olho voltado para lá, o outro para as entranhas da sua sociedade, cruzando ambos na geometria descentralizada dos seus temas, onde o artista foi buscando a especiaria alheia, sempre temperada com o molho indisfarçável da sua fábrica, fantasiosamente colorida, superiormente contada. E lá está, sempre, o traço indisfarçável da originalidade por detrás de um mistério a ser desvendado. As relações entre a cor e a forma, na geometria estonteante que domina a pintura do artista, revelam-nos o ser artístico que é, desde o maravilhamento que se adivinha pelo cubismo picasseano, até à busca do entendimento histórico passado à tela. E o resultado desta nova estética na trajetória de Luís Pedro Viana, revisitando os mitos para se descobrir a sua humanidade, não poderia ser mais feliz, fixando-se numa questão intelectualmente mais profunda: as técnicas não são neutras porque são os artistas que decidem o seu sentido e valor. O seu percurso, revelado em perspectiva, mostra-nos agora que o seu objetivo último, que salta das telas, foi alcançado: a responsabilidade ética da arte, para deleite de quem contempla a obra.

Ângela Loureiro

Série







sexta-feira, 24 de novembro de 2017

A MINHA HISTÓRIA

A MINHA HISTÓRIA

Gróvios e Límios,
Em território Galético
Foram em esquecidos tempos
Os meus lóios parentes ancestrais.
Oh!  Fadas e druidas construíram
A lenda do rio Lethes
E eu não a esqueci.
Agora os doutores de Bolonha,
Compostela e Coimbra dizem-me
Que sou Gróvio.
Não renego… Não renego. Nada sei de Viana do Lima,
Desta terra, destas gentes, por sentimento,
Sou Límio porque nasci aqui.
(Mas sempre uma voz se levanta!)
Alto! Diz minha irmã: podemos ter parentes
Em Grove, do lado de lá!
De terra em terra, castelos cercados
E batalhas vencidas de Contrasta a Silves
Nasceu Portugal.
Aqui ao norte de fundas raízes
Ser Gróvio ou Límio tem nobreza e fidalguia.
A história pode ser fantasia, e
Eu, Moreira de nome,
Com Moreira conquistada e
Senhor de valentia,
Sou de título Bis-conde,
Bis-Conde de Moreira
Pela graça de Deus e das armas
Da minha poesia.

Moreira – 1 de Novembro de 2013
(Dia de todos os santos homens)
Luís Pedro Viana

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Apresentação de um Livro



Apresentação de um Livro…

Como livro serás bebido
Igual ao café em chávena de vidro
Para gáudio de alguém
Porventura lido aqui e além…
Aqui ; as náuseas eternas.
Como as abelhas fazem o doce mel;
Nas manhãs maternas…
Porventura fel,
Como livro serás servido…
Em papel.

Luís Pedro Viana
2012

Moedas iguais…


Moedas iguais…

Ralam-se as vozes
Por causas banais
Malham-se as vidas
Por moedas iguais.
É sentido dizeres
Que mal, que mal
É preciso fazeres
Todos os dias igual.
Ralam-se as vozes
Por moedas iguais.
Será sorte viver
Do horário do teu usurário?
Tu acreditas
Na fina prata
Que usas ao peito
Dessa cruz que carregas
Com jeito.
É preciso fazeres todos os dias iguais
Malham-se as vidas
Por moedas iguais
Com trabalhos banais.

Luís Pedro Viana
Condado de Leça da Palmeira

25 05 1995

Se teu corpo fosse pedra

Se teu corpo fosse pedra

Se teu corpo fosse pedra…
Esculpia uma flor
Com aromas silvestres
Cinzelava a minha dor.
Se teu corpo fosse pedra…
Aceitava a minha cor
Como pintura agreste
Sem sentido e pudor.
Se o teu corpo fosse pedra…
Construía para os dois
Na esfera rolante da vida
Poesia sentida depois.
Se o teu corpo fosse pedra…
Pedra mesmo, dura e pura
Fazia a tua campa, fazia
Com toda a ternura.
Se o teu corpo fosse pedra…
Vivia apavorado
Deitado na rocha fria
Vestido de gelo, gelado,
Só da ideia morreria.
Se o teu corpo fosse pedra…
A alma do mundo tremia
Em volúpia eterna
Da poesia.
Ai!-Se teu corpo fosse pedra…
Se teu corpo fosse pedra…
Se teu corpo fosse pedra…
Não tinha tanta alegria.

Luís Pedro Viana.
Maia 25/5/2013.

A Justiça


A Justiça

Respeito o que é direito.
Se é direito, peço à lídima justiça
que o mundo pule e avance.
Recta no julgar, firme no determinar e, se julgar,
nos enredos não se pode fechar.
Nada e ninguém é culpado por ser chamado.
Podem meus actos estar presos na hipérbole da grei,
mas só aos donos da lei, me entrego a ser julgado.
Com a mente desperta para todo o olhar...
Minha vida liberta quebra todo o cadeado.
Tenho um código bíblico,
Um vento que trespassa
e é cortante pelo tempo decorrido.
Lei é lei.
Aos homens é pedido justiça em cada instante.

LUÍS PEDRO VIANA
PORTO 2003.

Estátua das virtudes


Desliza uma aragem fria
que cobre a estátua das virtudes
solvente o azul e verde no teu olhar
a serpente tenta e arrepia.

Como dominas a tua arte
na planura deitada ao pé do rio
se o tempo passa e se faz tarde
o corpo sente esse vazio.

É pela tarde que o vento cai
no talvegue a água corre
orografia bendita do que se esvai
na carne recuperas e não morre.

Ter arte no prazer da verdade
no olhar tentativas de viver
como vives sem alegria e saudade
para ser livre e sempre acontecer.

Luís Pedro Viana
31 de Julho 2013
Condado de Moreira.

É vianense!

É vianense! Relevante, interessante, diferente, esteticamente belo, equilibrado, sensorial, puro, limpo ou errante, (des)construtivista...