terça-feira, 28 de novembro de 2017

"Metamorfoses...


…, não as de Ovídio outrossim as operadas por LPV no seu percurso pelas artes plásticas. A arte é nele estado de espírito e não realidade, pois que, ainda que aí tenha a sua génese, faz, contudo, um percurso autónomo. Dela se liberta para nela renascer transfigurada, pessoal, outra, demonstrando que só a existência subjectiva da emoção desencadeia a existência objectiva da obra de arte.
Detenho-me no desenho enquanto processo e resultado artístico, suporte de obras bidimensionais formadas por linhas, pontos e formas numa imitação de uma realidade sensível que recria uma nova realidade, ou apenas a esboça deixando, neste caso, de ser um fim para se tornar em estrutura veicular. Neste particular, não posso deixar de evocar a imagem espalmada que, sem ênfase na cor, reclama a atenção sobre a superfície bidimensional da tela. A ligação entre artes – que o artista afortunadamente cultiva – autentifica-se aqui em belíssimas imagens de personagens do D. Quixote de Cervantes e de outras shakespeareanas que corroboram a afirmação do dramaturgo: “Sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos”.
Passo agora à pintura e o cruzamento das estéticas modernistas tem, na arte de LPV, um lugar electivo. O artista assimilou a grande revolução sofrida pelas artes visuais que, começando a olhar o quotidiano traduziam, sem tabus, a mais íntima percepção da realidade liberta de regras e convenções. Independente embora, cruzam-se e misturam-se nas suas telas leituras do fauvismo, do expressionismo, do surrealismo e do geometrismo tocadas por um lirismo agri-doce"

Isabel Ponce de Leão

1 comentário:

É vianense!

É vianense! Relevante, interessante, diferente, esteticamente belo, equilibrado, sensorial, puro, limpo ou errante, (des)construtivista...